HOMENAGEM

Ano após ano, desde a sua primeira edição, o KJF e a cidade que o recebe, ou melhor - a fusão entre as duas partes foi notável. Podemos dizer que hoje os dias do KJF já são momento de marca a cena cultural da Praia. Se começou por ser da Praia, os dados mostram-nos que já é marca de Cabo Verde.

A cidade sempre foi o nosso palco e os seguidores a nossa fiel plateia. Obrigado.

Aos homens da cultura em geral e aos músicos em específico também agradecemos sempre com reconhecimento, toda a inspiração que nos trazem: a nós Harmonia e ao nosso parceiro que desde sempre connosco caminhou - a Câmara Municipal da Praia. O nosso festival curva-se diante de tudo o que reconhecidamente fizeram por nós ,pela nossa música e cultura.

Neste âmbito, à imagem dos anos anteriores, o KJF elege uma destas figuras para homenagear: pelo que fez pela nossa música e pelo que de marcante acrescentou à nossa cultura.

Na verdade, ninguém como o homenageado deste ano para ilustrar a mistura entre a cidade e a música - a tal “cidade cultural”. Falamos de Nhonhô Hoppfer Almada.

Arquiteto de profissão, várias obras marcam a cidade e a ilha com a sua assinatura. Aos poucos, cremos que a paixão que usava em cada traço, começava também a ser dividida com os palcos. De mansinho começou por fazer as noites da Praia, e como a intensidade da sua paixão pela música era coisa séria, começou a traçar caminho e, em 2006 lança o seu primeiro álbum “Nhara Santiago”.

Aqui começa a ser notada a grandeza do artista na promoção da nossa música - a seleção dos compositores escolhida é criteriosa e representativa da nossa música : O clássico de B.leza, a especificidade de Betu, as letras que sorriem de Nhelas Spencer e a poesia que em muito cheira a terra de Kaká Barbosa e Zeze di nha Reinalda.

O nosso compositor afirma-se, vai ganhando espaço e a sua voz rouca cada vez mais vai cantando Cabo Verde e os seu compositores - classe que tanto amava e que o levou em 2018 a gravar o seu segundo álbum: “Santamaria” tema de mais um compositor que fez as escolhas do músico - Mário Lúcio Sousa ao qual acresce uma notável preocupação com os compositores mais novos como George Tavares Silva e Djoy Amado, os clássicos Code di Dona e Eugénio Tavares e desta feita vai mais longe agraciando a poesia nas letras dos poetas Arménio Vieira e José Luís Hopffer Almada.

Nhonhô, já era marca na promoção dos compositores, e nas suas obras juntava sempre uma cuidada seleção de músicos, arranjadores e produtores, também com o mesmo intuito: o de promover os músicos Cabo-verdianos e respetiva classe musical.

Nesta altura, Nhonhô já ultrapassa a música, tornando-se passo a passo defensor acérrimo e apaixonado da nossa música em particular e da nossa cultura no geral. Sempre em ativismo cultural constante, defendia muitas causas, criticava construtivamente outras… enaltecendo sempre a que escolheu para sua dama-bandeira – a nossa cultura. Em 2020 é condecorado pelo Governo de Cabo Verde com a “Medalha de Mérito do Primeiro Grau Cultural”

Era presença constante em todos os espetáculos musicais e culturais e aqui - com ternura acrescida - o nosso KJF faz a vénia a Nhonhô pelo entusiasmo com que passeava pela praça Luís de Camões em cada edição do nosso festival. Os festivais vivem de seguidores e Nhonhô foi um dos nossos, que movido pela paixão musical, brindou sempre os músicos dos nossos cartazes, o nosso e dele KJF. Na verdade, Nhonhô brindava com intensidade de um forte abraço - a música em geral.

Por tal hoje a nossa homenagem vai para o filho de Assomada, que através da sua paixão pela música e pela nossa cultura, soube elevar Cabo Verde e os fazedores da nossa cultura.

Deixou-nos no primeiro dia do ano de regresso do KJF, e nós aceitamos a sua bênção.

Até sempre Nhonhô Hoppher Almada.